Palavras reprimidas...

Enquanto tudo mudou pequenas coisas permaneciam inalteradas...

Os contornos da estrada estavam no mesmo lugar, tornando o horizonte um caminho sem fim.

Sentiu-se perdida, buscando desesperadamente vislumbrar um caminho seguro, mas em todos os lados só via solidão.

Angustiante fracasso do viajante que desperta em meio ao paradisíaco sonho, debate-se na realidade e percebe que o destino não revela suas artimanhas.

Erguia-se do coração sentido um fulgor inflamável, doentio e saudosista que se espalhava pelo corpo revelando o que escondia.

Mudavam as direções para onde o sol apontava sua luz, mudavam os pensamentos inquietantes que norteavam sua confusão interna, tocava o som do vento aos seus ouvidos e nele o vazio frio acalmava-a

Nada mais ensurdecedor do que pensamentos soltos em uma mente incerta de seu futuro.

Era só mais um dia comum, mas as memórias nunca vividas tropeçaram nos sonhos abandonados, e elevaram-se  aos planos distantes que agora se faziam presentes.
Buscando fugir, tentando entender, empurrada para a beira da estrada onde a curva mais longa ainda a deixava frente ao que não podia ser.
Porque? Ah porque?

Se o destino não podia escolher, para onde ir e o que fazer quando a saudade abraçar a fina camada de calor que cobre teu corpo levando o inverno intenso ao teu coração.
Sofrer a saudade ou a dor da derrota, a dúvida d escolha ou a incerteza do resultado, onde quer que estivesse não teria verdade nas palavras reprimidas que apertava no peito, das cartas não escritas que o medo rasgou.

Não seria ela, enquanto não encarasse a estrada, talvez para perdição, talvez para solução.

Pri Fontoura

PS: "Nem tudo tem que ser bonito, nem tudo tem que ser perfeito, as vezes são só palavras, dispostas a correr o mundo, sem carregar com elas um rumo".

Boa noite!