segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ela Ainda espera...#2

Primeira parte: Ela ainda sente...

Depois de um banho quente e prolongado, Ela se deu conta de que a noite já havia tomado conta do céu, pela escuridão que percebia entre o quarto e o banheiro da imensa suíte, que fora palco das mais belas loucuras de amor, mas que hoje passava maior parte do tempo envolta em escuridão, enrolada em seu roupão com uma toalha branca nos cabelos Ela foi até as janelas de vidro da sacada, eram propositalmente muito grandes para uma visão melhor do céu onde se podia ver agora aquelas estrelas que um dia lhe foram dadas, brilhantes e firmes na escuridão.
Talvez não devesse mas ela ainda se emocionava ao lembrar dos olhos daquele que á presenteou, com tudo que ela teve de mais perfeito até então. Um ruído na parte inferior da casa quebra sua concentração nas estrelas, sem saber o que é, ela veste um vestido vermelho que estava no cabide mais próximo, solta os cabelos que agora pendiam pouco abaixo do ombro, - Ela se lembrava por que não os cortava fazia um bom tempo - descendo as escadas tentando fazer o menor barulho possível, ela observa de longe que está tudo em perfeita ordem, mas novamente se depara a frente da biblioteca que como um santuário estava trancada a algum tempo, não podia mais adiar, em algum momento Ela sabia... precisaria encarar seus medos, seus traumas e fantasmas e abrir aquelas portas, pesadas de madeira maciça nunca lhe pareceram tão grossas quanto agora, ao abri-las sabia que seria como se um turbilhão de informações passasse por sua cabeça, como se aquele fosse um portal que a levaria diretamente para seu passado, instantaneamente para o ponto onde tudo começou, aquela sem dúvidas era a parte da casa em que ele mais esteve durante todos os anos juntos, onde ela o via intrigado estudando um após o outro todos os livros das prateleiras, que se estendiam do chão ao teto em três partes da sala ampla, deixando apenas o espaço onde uma janela alta e clara ficava. Quando finalmente teve coragem e fôlego para abrir as portas Ela foi levada, arrastada pela dor que soprou-lhe os cabelos ainda molhados, olhando para frente pode perceber que as cortinas brancas das janelas que deveriam estar trancadas estavam esvoaçantes sendo levantadas pelo vento noturno, aquele cheiro de frio, aquela sensação que sentirá tantas vezes ao se deparar  com ele entrando pela janela depois de algum trabalho repentino. Aquela maldita mania que ele tinha de voltar por onde menos se esperava.  Ela correu até as janelas, olhou para fora para a imensidão do céu e tudo que viu foram pontos luminosos espalhados, talvez ela estivesse esperando de mais, que aquilo fosse mais um acaso,  fechou as janelas e quando se virou para sair daquele lugar que tanto lhe atormentava, foi pega de surpresa por um livro que desabou da prateleira, era só um livro do qual ela nem se lembrava mais, de uma pesquisa de tempos atrás,  folheando algumas páginas ela encontrou uns rabiscos em caneta no canto da página, onde leu a frase que despertou algo três anos e meio antes, "Eu faria tudo para ter uma esposa ou namorada como você....tudo mesmo - 21 de Abril!" Imediatamente seus olhos se encheram de lágrimas que sem cerimônias encharcaram seu rosto molhando as páginas e marcando as letras esquecidas ali.  
  Sentou-se na cadeira atrás dela, apoiou os braços nos encostos, e por um instante fechando os olhos se lembrou de mais momentos que passou ali, dos óculos que ficavam esquecidos com frequência em cima da mesa a sua frente, dos olhares trocados da porta até aquela cadeira, das noites quentes que passaram ali. Ela folheou mais algumas páginas do livro e entre um informação de física e uma equação resolvida a lápis nos cantos encontrou outra frase de caneta preta: "Você me faz feliz com seu jeito de ser doida, eu gosto muito de você porque eu sinto que eu e você fomos feitos um para o outro! - 02 de Maio."  Fechando o livro bruscamente apoiou os cotovelos sobre a mesa, levando aos mãos ao rosto. Aquela dor que lhe causava estar ali era apenas mais um motivo para nunca ter deixado que tudo isso tivesse acontecido. Mas Ela não podia fazer nada naquele momento já se perderam, Ela pensou, todos os sentimentos já se foram...
Com o livro em mãos ela seguiu á procura de mais frases, que a sufocassem, que a torturassem, que a tornassem mais forte, mais dura, e que fossem faze-lá lembrar de todos os motivos pelos quais estava ali hoje. Vinte e três páginas depois mais uma frase de sofrimento: "Já que não posso te amar do jeito que eu quero,vou te amar do jeito que você quer!" Irritada e completamente tomada por um sentimento de ilusão e perda, Ela jogou o livro contra uma das paredes de livros onde uma foto que nem havia percebido que ainda existia estava exposta em uma bela moldura o dia em que apressados correram para dizer sim, o dia em que assumiram para o mundo que o que existia era muito maior que uma amizade, o dia em que todas as promessas pareciam se cumprir! Já não suportando o sofrimento Ela levantou em disparada subindo as escadas, correndo para o quarto se deteve em frente a cama, observando que ali não havia ninguém, que a marca que havia deixado naquela manhã ainda estava sobre os lençóis, sentou-se na poltrona, aquela do canto do quarto, agarrou as duas pernas em um abraço gélido e com os olhos inchados e vermelhos ficou por horas há observar a cama desfeita... até que se perdesse nas lembranças e adormecesse.
Ela ainda espera...
By: (P.)ricila Fontoura





PS: Talvez eu continue?!!


2 comentários:

  1. Triste d+, um dia "Ela" vai ser feliz?
    Li a outra parte e me senti na pele da personagem!
    Mari.

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    Respostas
    1. Pois é Mari eu me sinto ELA as vezes! E não sei dizer se ela será feliz, mas acredito que sim, todos encontramos a felicidade um dia!
      Obrigada pela visita!

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